Os cistos sinoviais ou ganglions são as tumorações mais freqüentes encontradas na mão e punho. Surgem em contato com a cápsula articular ou a bainha tendinosa.
São observados em todas as faixas etárias, incluindo crianças e idosos, porém surgem mais comumente entre os 20 e 40 anos. São mais freqüentes no sexo feminino.
No caso dos cistos localizados no punho, em 70% das vezes localizam-se no dorso, na região do ligamento escafo-semilunar, e em 20% localizam-se na porção palmar-radial.
No caso dos cistos de bainha tendinosa, que surgem aderidos à polia A1, a localização mais comum é na face palmar dos dedos, geralmente sob a prega digital proximal.
Os cistos que surgem na articulação interfalangiana distal, entre a 5ª e 7ª décadas, recebem o nome de cistos mucosos, e associam-se a alterações degenerativas da articulação, como nódulos de Heberden e osteófitos.
A patogenia dos cistos permanece obscura. Sabe-se que não é uma herniação da sinóvia, um resquício embrionário ou uma condição neoplásica, como já foi postulado.
A teoria mais aceita é de que se trata de degeneração mucinosa.
Geralmente, os pacientes procuram tratamento por preocupação quanto à natureza da lesão, por estética, por dor ou déficit funcional. A variação de tamanho é frequentemente relatada.
A medida mais importante no tratamento não-operatório é o simples esclarecimento ao paciente sobre o caráter benigno e, às vezes, auto-limitado da lesão (principalmente em crianças).
A cirurgia por questões de estética deve ser indicada com muito cuidado, uma vez que o comportamento da cicatriz pode não ser previsível, e o risco de recidiva após a ressecção não é baixo (pode ocorrer em até 40 % dos casos).
O princípio geral da cirurgia é a remoção completa do cisto, de seu pedículo e da membrana sinovial adjacente, de modo a minimizar o risco de recidiva.
No caso do cisto dorsal do punho, o procedimento deve ser feito sob bloqueio do plexo ou sedação profunda associada à anestesia local.
A anestesia local isolada não permite a ressecção completa da lesão, aumentando o risco de recorrência. A preferência é pela incisão transversa, paralela às linhas de força, com ressecção ampla do cisto e dissecção criteriosa de seu pedículo, sem lesar o ligamento escafo-semilunar.
Uma vez que não se trata de uma hérnia, não há em absoluto necessidade de se proceder a qualquer tipo de sutura ou reforço capsular: a cápsula deve ser deixada aberta.
Os tendões extensores voltam à sua posição uma vez retirados os afastadores, a pele é suturada com pontos intra-dérmicos, e o punho não deve ser imobilizado para se evitar risco de rigidez.
Figura 1- Aspecto clínico de cisto sinovial dorsal
Figura 2- Imagem de procedimento de cisto sinovial dorsal
Figura 3- Imagem de cisto sinovial palmar no punho
Figura 4- Imagem de procedimento de ressecção de cisto sinovial palmar no punho
No caso dos cistos de bainha de tendão, que se localizam na face palmar dos dedos, a indicação cirúrgica é mais freqüente, porque se situam em área de contato, geralmente causando dor à preensão.
A preferência é por anestesia local, associada ou não à sedação, incisão transversa sobre a prega digital proximal, exposição e proteção dos feixes neurovasculares radial e ulnar, ressecção do cisto e de pequeno retalho da bainha tendinosa adjacente.
Figura 5– Ressecção de cisto de bainha de tendões flexores
No caso dos cistos mucosos, o procedimento é realizado sob bloqueio digital. Procede-se à ressecção do cisto e do osteófito adjacente. Deve-se proteger a inserção do mecanismo extensor, bem como a matriz ungueal.
Figura 6– Cisto mucoso
Figura 7– Deformidade ungueal causada pelo compressão da matriz pelo cisto mucoso
Figura 8- Radiografia mostrando o osteófito (“bico de papagaio”) adjacente ao cisto